quarta-feira, 28 de março de 2012

Uma mistura de identidades culturais brasileira.

Imigração de alunos de várias localidades para Frederico Westphalen.

O Brasil é uma mistura de povos, etnias e culturas, nosso país foi colonizado por vários povos que vieram pra cá por diversos motivos. Começando com os portugueses, seguidos de espanhóis, franceses, holandeses e tantos outros que se aventuraram por nossas terras férteis, não esquecendo os negros que aqui foram escravizados e os índios que aqui viviam. Com o Estado do Rio Grande do Sul não foi diferente do restante do país, depois dos portugueses e espanhóis chegaram muitos povos, mas foram os italianos e alemães (que migraram no século XIX) os imigrantes que vieram em maior número e interferiram de forma mais representativa na colonização do Estado.

Esse processo de migração repete-se aqui em Frederico Westphalen, os estudantes do Cesnors são advindos das mais diversas regiões, não só do Estado do RS, mas também de outras partes do país. Conversando com os alunos pode-se perceber como as imigrações ocorridas durante os séculos influenciam ainda hoje as identidades culturais de pessoas de diferentes cidades.

Priscila Marchi, aluna de agronomia do Cesnors, natural de Boa Vista do Buricá fala das diferenças culturais que percebe entre sua cidade e Frederico Westphalen, apesar de estarem distantes apenas 170 km. “As pessoas lá são mais simples e carismáticas, todo mundo se cumprimenta na rua, todos se conhecem. Acredito que as pessoas aqui são menos receptivas ao menos com nós da Federal, nos olham com desconfiança.”

Ela acrescenta as distinções na linguagem: “O jeito de falar das pessoas lá é diferente por conta da colonização alemã, principalmente.”. A questão da linguagem também foi percebida como diferencial por Gean Marcos Garcia, natural da cidade do Chuí e estudante do curso de Relações Públicas – “O ‘R’ daqui é diferente pra mim. Lá eu falo uma frase metade espanhol, metade português e todo mundo se entende.” Em relação a receptividade Gean também sente a população não muito sociável. “As pessoas lá são mais abertas”, declara.

A estudante de agronomia, Tuane Araldi da Silva, é natural de Sta. Bárbara mas morou em Itaqui, cidade que faz divisa entre Brasil e Argentina. Itaqui e Frederico são cidades bastante diferentes, cultural e, principalmente, economicamente. Embora Itaqui e Frederico serem municípios onde predomina a agricultura como meio de sustento das famílias há grandes diversidades entre o modo de produção das duas. Sobre Itaqui Tuane diz, “É um dos maiores municípios na plantação de arroz. A agricultura lá é forte, mas não se desenvolve. Lá poucos têm muito e muitos têm pouco” Em relação às pessoas ela acrescenta que são bem receptivas, “pessoas muito hospitaleiras, eles te procuram sabe? Não se preocupam muito com o ‘ter’, mas com o caráter.” Segundo Tuane a culinária da região da fronteira diferencia-se bastante da região de Frederico, sendo o churrasco de carne de ovelha o prato mais lembrado.


Imagem de arquivo pessoal: Rio Uruguai faz divisa entre Itaqui (Brasil) e Argentina

Sobre a culinária do Chuí Gean lembra da substituição feita do arroz pela batata, “Lá fazem tudo com batata.” E o mais interessante é o fato dos refrigerantes serem pouco ingeridos, segundo ele, no Chuí eles tomam muita água porque os refrigerantes tem custo elevado na região. Mas o inverso disso acontece com as roupas que são compradas pela metade do preço, pois há isenção de impostos no lado Uruguaio do município; as cidades fazem fronteira o lado brasileiro Chuí e o lado Uruguaio Chuy.

Conversando com a catarinense de Cunha-Porã, Adilvane Spezia, aluna de jornalismo, ela percebe a questão religiosa como a principal diferença cultural entre sua cidade natal e Frederico, “Na minha cidade não tem essa presença religiosa que tem aqui.”.

O estudante de jornalismo, Rafael Lourenço de Araçatuba/SP (cidade distante 1000 km de FW), desabafa sobre a falta de receptividade sentida por parte da população gaúcha - “Me vejo aqui como um estrangeiro.”. Além de outros aspectos, Rafael vê com estranheza o fato de o hino do Estado ser cantado por todos; e diz: “Não concordo com os gaúchos falarem que o RS tinha que ser um país.”.

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